A cada ano de celebração pelo Dia do Município em Bananal a dúvida sobre a "idade" da cidade é levantada. Isso porque, através de uma Lei sancionada na década de 1980, foi escolhida a data da emancipação política de Bananal e não a da fundação da localidade.
Devido a isso, o município comemorou 190 anos do Decreto Imperial de D. Pedro I que o elevou a Vila, em 10 de julho de 1832, conferindo sua autonomia política e administrativa. A efetivação do Decreto do Imperador ocorreu em março do ano seguinte, com a instalação da Câmara Municipal numa época em que ainda não existiam Prefeituras.
Fosse escolhida a data da fundação, seriam celebrados 239 anos (segundo relatos históricos) ou 237 anos com base em documentos oficiais. Mas aí a festividade não seria em julho, mas em fevereiro.
As datas históricas em profusão de Bananal e o revezamento de celebrações dos moradores em períodos distintos por cada uma delas foi pauta de uma matéria da Gazeta há 2 anos, buscando esclarecer o assunto. Leia abaixo:
As opções de datas históricas de Bananal na escolha do Dia do Município
Também não faltaram publicações em redes sociais atribuindo ao 10 de julho a celebração dos mais de dois séculos de existência da localidade.
São dúvidas e equívocos recorrentes, provavelmente devido à profusão de datas históricas que Bananal possui. Nada muito diferente de outras localidades, sobretudo no Vale do Paraíba, onde os municípios possuem igualmente datas marcantes em sua trajetória.
Mas não foi sempre assim.
Fundação
Desmembramentos em Vilas
O Vale do Paraíba, que ficava a cargo de São Paulo, passou a ser desmembrado em Vilas. Primeiro, houve o desmembramento da Vila de Taubaté (1645), depois a Vila de Guaratinguetá (1651) e, em sequência, a de Lorena (1788). Bananal pertenceu a todas elas.
Após a abertura do Caminho Novo e com o esgotamento do ouro, a região foi ficando mais povoada e passou a viver da agricultura de subsistência, com produtos como cana-de-açúcar, feijão e milho.
A situação passou a mudar no início do século XIX, quando a cultura do café, baseada nas grandes propriedades de terra e no emprego da mão-de-obra escrava chegou à região. As terras férteis e o clima propício para o cultivo do “ouro verde” trouxeram pujança e mudaram a configuração política e administrativa.
Paróquia
Em 26 de janeiro de 1811, Bananal foi elevada à condição de Paróquia. Um "status" religioso que tinha peso político devido à forte influência da Igreja Católica. A condição foi determinante para o passo em direção à autonomia administrativa.
Essa data foi a mais longeva em termos de celebração pelos habitantes locais. Sua importância foi tamanha que resultou na inauguração de um dos principais monumentos erguidos em Bananal.
Foi em comemoração ao centenário da criação da Paróquia do Senhor Bom Jesus do Livramento que, em 26 de janeiro de 1911, a Câmara Municipal inaugurou o Obelisco da Praça Rubião Júnior. O local à época era popularmente denominado Largo do Rosário devido à localização próxima à Igreja de Nossa Senhora do Rosário, no centro.
Emancipação
Cinco anos depois de galgar a condição de Paróquia, com um novo desmembramento das Vilas, Bananal foi anexado à Vila de São Miguel das Areias em 1816.
Mas a escolha não escapou de contestações, pois há quem considere ser mais correta a celebração daquilo que resultou do Decreto, ou seja, o fato que, 8 meses depois, marcou efetivamente a sua autonomia: a instalação da Câmara Municipal, em 17 de março de 1833.
Mas, antecedendo a data que hoje vigora como Dia do Município, houve ainda uma outra.
Cidade
Após a emancipação, na esteira da pujante era dos Barões do Café, o progresso de Bananal trouxe riquezas e aumento populacional. Disso decorreu a Lei n° 17, de 03 de abril de 1849, que elevou Bananal à condição de Cidade, resultando em grande festa das lideranças políticas locais. Essa data foi bastante celebrada ao longo dos anos, irrompendo pelas primeiras décadas do século XX. É ela que figura no Brasão do município.
Finalizando a sequência cronológica, há que se registrar a data de 30 de março de 1858 quando foi criada a Comarca de Bananal, anexando os termos de Areias, Queluz e Silveiras até 1866. O Centenário da Comarca, em 1958, foi registrado com pompa em um documentário cinematográfico mostrando a festividade.
Importante destacar que todas elas, por mais que caíssem no gosto popular, sempre foram ofuscadas pela data mais importante do calendário da cidade, de cunho eminentemente religioso: a "Festa de 6 de Agosto" em louvor ao Padroeiro da cidade, o Senhor Bom Jesus do Livramento.
Como se vê, opções por datas não faltaram para Bananal.