Após
reunião com os ministros de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e do
Meio Ambiente, Ricardos Salles, o presidente da Vale, Fabio
Schvartsman, anunciou hoje (29) que a empresa vai acabar
com dez barragens, como a que se rompeu em Brumadinho, nos arredores
de Belo Horizonte (MG). Segundo ele, essas barragens serão
descomissionadas. Todas localizadas em Minas Gerais.
“É a resposta cabal e à altura da enorme tragédia que tivemos em Brumadinho. Este plano foi produzido três a quatro dias após o acidente”, ressaltou o executivo.
“É a resposta cabal e à altura da enorme tragédia que tivemos em Brumadinho. Este plano foi produzido três a quatro dias após o acidente”, ressaltou o executivo.
Schvartsman afirmou que descomissionar significa preparar a barragem para que ela seja integrada à natureza. “A decisão da companhia é que não podemos mais conviver com esse tipo de barragem. Tomamos a decisão de acabar com todas as barragens a montante”, disse o executivo em Brasília.
O
presidente da Vale disse que o projeto para descomissionar as
barragens está pronto e será levado para os órgãos federais e
estaduais em 45 dias. Segundo ele, o prazo para executar as ações é
de no mínimo um ano e no máximo 3 anos. Os trabalhos devem ter
início dois meses após a expedição das licenças. A Vale estima
que serão aplicados cerca de R$ 5 bilhões para efetivar o plano.
Schvartsman
disse que “não teve qualquer tipo de pressão” por parte do
governo federal para intervir na direção da Vale. De acordo com
ele, a reunião de hoje com os ministros Costa e Lima e
Salles foi “absulatamente técnica”.
“Esse
plano foi hoje apresentado aos ministros de Minas e Energia
e Meio Ambiente, assim como foi apresentado à data de ontem ao
governador Romeu Zema [de Minas Gerais].” De acordo com o
executivo, a decisão será publicada por meio de comunicado para
informar o mercado financeiro.
Impacto
A
medida vai reduzir a produção em 40 milhões de minério de ferro e
10 toneladas de pelotas por ano, o que representa 10% da produção
da empresa ao ano.
“A
decisão da companhia é que, depois que esse desastre aconteceu, não
podemos mais conviver com esse tipo de barragem, tomamos a decisão
de eliminar com todas as barragens a montante, descomissionando todas
elas com efeito imediato. Para tanto será necessário paralisar as
operações de mineração em todos os sítios que estão nas
proximidades dessas barragens”, disse o presidente da Vale.
A
decisão também foi comunicada ao governador de Minas Gerais, Romeu
Zema, ontem (28).
O
rejeito das barragens a serem descomissionadas poderá ser convertido
em outros materiais, como tijolos, ou enterrado.
“Todas as 19 já
estão desativadas. As descomissionadas deixam de ser barragens ou
são esvaziadas ou integradas ao meio ambiente”, afirmou
Schvartsman. “Isso representa um esforço inédito de uma empresa
no sentido de dar uma resposta cabal à altura da tragédia de
Brumadinho”, acrescentou.
O
presidente da Vale disse ainda que a empresa firmou o compromisso de
incorporar os cerca de 5 mil trabalhadores que serão afetados com a
redução da operação, em razão do descomissionamento das
barragens.
Schvartsman
disse que desde a tragédia em Mariana, a companhia havia decidido
desativar esse tipo de barragem.
Do total de 19 barragens em Minas
Gerais, nove já foram descomissionadas, isto é, tiveram suas
atividades encerradas, deixando de servir como barragens.
Serão
contratadas empresas de engenharia especializadas nesse tipo de
procedimento. Durante o descomissionamento das barragens, a operação
da companhia será paralisada. A empresa comunicará a decisão ao
mercado ainda na noite desta terça-feira.
“A
única maneira de fazer o descomissionamento é parar a operação. A
Vale tomou espontaneamente a decisão de parar todas as operações.
A razão pela qual temos que parar as operações é para acelerar o
descomissionamento, se fizermos isso com a operação em andamento há
enormes riscos de desmoronamento”, disse Schvartsman.
Segundo
o presidente, a atividade da companhia nas minas ocorrerá sem o uso
de barragens a montantes. Serão utilizadas apenas barragens
convencionais e um procedimento de extração de ferro a seco,
adquirido pela empresa pouco antes do rompimento da barragem em
Brumadinho.
De
acordo com o presidente da Vale, o trabalho de recuperação de
Brumadinho terá início logo após o trabalho de remoção das
vítimas. “Em primeiro lugar, estamos focados no atendimento as
famílias das vítimas e no resgate dentro das possibilidades das
pessoas vitimadas pela enorme tragédia”, afirmou.
Pressão
Questionado por jornalistas se a decisão de descomissionar as barragens seria uma resposta à pressão do governo junto a diretoria da empresa, Flávio Schvartsman disse que apresentou o plano “que pretende praticar”.
Pressão
Questionado por jornalistas se a decisão de descomissionar as barragens seria uma resposta à pressão do governo junto a diretoria da empresa, Flávio Schvartsman disse que apresentou o plano “que pretende praticar”.
“Em
nenhum momento ouvi falar de intervenção ou de pressão sobre o
conselho. Quero registrar que as reuniões foram absolutamente
técnicas e não houve qualquer tipo de pressão. A Vale apresentou
ao governo o plano que pretende praticar, como ele tem impacto de
toda a natureza é necessário que o governo tomasse conhecimento”,
afirmou.
Após
o rompimento da barragem, circulou a informação de que o governo
federal, acionista da empresa, pudesse agir para mudar a diretoria.
Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse em
entrevista coletiva no Palácio do Planalto que "não há condição" de o governo intervir para mudar a diretoria
da mineradora.