Bananal recebeu uma discreta visita que provavelmente dará uma grande contribuição a seu rico acervo histórico.
Estiveram
na cidade os idealizadores do Projeto Memória Ferroviária em São Paulo
que realizam pesquisas para registrar e catalogar todas as locomotivas a
vapor ainda existentes no Brasil.
Bananal fez parte do roteiro de visitação de uma das etapas do projeto que também incluiu Pindamonhangaba e Taubaté.
Foto de época da original "Tereza Cristina" nos anos 20 e a máquina 302 colocada próximo à antiga Estação Ferroviária. |
Integram
o projeto o especialista em locomotivas a vapor Sérgio Mártire e o
renomado fotógrafo, também diretor de fotografia do projeto, Américo
Vermelho.
Ficaram
hospedados no Hotel Pousada Volterra e durante dois dias avaliaram e
fotografaram a locomotiva que, como muitos sabem, não é a original,
apelidada "Tereza Cristina", que fazia a linha Bananal-Barra Mansa até o
início dos anos 60. Entretanto, a 302 chegou a Bananal num esforço
heróico do ex-prefeito Washington Luiz de Carvalho Bruno na década de 90
para enaltecer o período áureo da cidade e enriquecer o visual da
antiga Estação Ferroviária.
O
resultado das pesquisas do Projeto Memória Ferroviária será editado em
livro de arte aprovado pelo Ministério da Cultura para receber os
incentivos da Lei Rouanet.
A
principal intenção de seus idealizadores é ajudar no estímulo à
restauração e preservação dessas máquinas. Eles entendem que as
locomotivas a vapor ajudam a contar a história do País. Cada uma delas
tem sua particularidade (cada uma tem seu próprio número) e história existencial.
A
locomotiva 302, que está em Bananal, é uma das 193 máquinas espalhadas
em 67 cidades de São Paulo, o estado com o maior número de locomotivas.
A
expedição já registrou as máquinas a vapor existentes nos estados de
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Percorrerá no total 20
estados brasileiros, passando por todas as localidades que possuem
locomotivas.
O
consultor técnico do projeto, Gerson Toller, estima a existência de
cerca de 500 locomotivas a vapor em 185 cidades brasileiras, próximo a
10% da frota existente até os anos 50.
Os
especialistas consideram que essas máquinas estão diretamente
associadas ao processo de industrialização do Brasil, no período de cem
anos que vai da metade do século XIX a 1950.
O
Projeto Memória Ferroviária é pioneiro no levantamento completo do
acervo de locomotivas no Brasil. O livro de arte será um registro
comentado e ilustrado do patrimônio ferroviário brasileiro. Uma obra de
referência com dados primários para o trabalho de estudantes e
pesquisadores da história brasileira; e um inventário para os
organizadores de futuros museus ferroviários.
O
trabalho tem patrocinadores de peso: Usiminas Mecânica, Cia.
Siderúrgica Nacional, Amsted-Maxion, MRS Logística, GE Transportation,
Caramuru Alimentos, SKF, MWL Brasil, Knorr-Bremse e conta também com o
apoio de 55 pessoas físicas.
O material coletado também estará disponível na internet num site criado especificamente para dar divulgação ao projeto.
Ao
ficar pronto, certamente o trabalho despertará no leitor a nostalgia
dos tempos em que Bananal tinha o seu "trenzinho", um dos poucos
resquícios simbólicos da ostentação de riqueza dos barões do café no
período imperial.
Dá para imaginar o quanto ele representaria para o nosso turismo se ainda existisse?
Ricardo Nogueira