A concentração de fiéis voluntários para a ornamentação das ruas do centro histórico de Bananal para a procissão de Corpus Christi inicia-se logo nas primeiras horas da manhã.
Conforme a extensão e a complexidade dos tapetes ornamentais de rua assumidos pelos voluntários é estabelecido o horário de início dos trabalhos.
O Setor Juventude da Paróquia, por exemplo, incumbido de enfeitar o trecho principal da Manoel da Aguiar (entre a Ultragás e a Matriz) se concentrará no coreto às 7 horas da manhã. Para outros voluntários, as atividades começam bem mais cedo.
A logística e a maior parte do material utilizado ficam estocados no pátio do Solar Aguiar Valim. Em outros pontos, boa parte fica estocada nas próprias casas dos fiéis. Destes locais saem a matéria prima para as verdadeiras obras de arte, pintadas sobre os paralelepípedos com temáticas religiosas e simbolos que refletem a devoção desta data festejada pelos católicos em louvor à hóstia consagrada.
Os tapetes ornamentais em Bananal já são uma tradição quase secular. Embora não existam registros oficiais, estima-se que os primeiros enfeites, predominantemente de folhagens, tenham sido confeccionados entre o final da década de 20 e o início da década de 30.
Em meados dos anos 50, a professora Doralice Costa (Dona Dora) inovou com o primeiro tapete temático ornamental (uma imagem de Nossa Senhora em frente à Igreja do Rosário), estabelecendo um novo parâmetro de arte para a celebração. Foi quando as folhagens começaram a dar lugar aos tapetes com desenhos belíssimos à base de serragem, pó de café, areia colorida e sal grosso, além de tampinhas envoltas em papel laminado. (clique aqui para ler mais sobre o trabalho de Dona Dora).
Normalmente a execução dos trabalhos leva cerca de 8 horas, num misto de capricho e celeridade para que tudo fique pronto para a procissão no final da tarde.
A
celebração de Corpus Christi (Corpo de Cristo) vem desde a Idade Média e
acontece quarenta dias depois do Domingo de Páscoa. É a quinta-feira da Ascensão
do Senhor. Foi instituída
pelo Papa Urbano IV, no ano 1274, após o famoso milagre de Lanciano. Naquela cidade italiana um sacerdote duvidou que a hóstia consagrada tivesse mesmo se transubstanciado no
Corpo e no Sangue de Cristo. Imediatamente a hóstia, nas suas mãos,
transformou-se em um pedaço de carne e sangrou.
A data é comemorada no Brasil desde a chegada dos portugueses, que mantiveram uma tradição consolidada na região dos Açores.