A Pharmácia Popular, como a conhecíamos, acabou.
Em entrevista exclusiva para o blog, Carlos Roberto Reis Graça, o Beto, único herdeiro de Plinio Graça, revela as tentativas infrutíferas de manter o acervo histórico e restaurar o prédio cujo forro está prestes a cair.
Após meses de contatos com órgãos públicos e quase uma centena de e-mails enviados pedindo ajuda, ele dá como perdido o acervo, colocado em consignação para saldar dividas trabalhistas advindas da farmácia e das despesas decorrentes do oneroso tratamento de seu pai.
Ele também revela o que poucos sabiam. As dificuldades financeiras do pai, que utilizava parte do dinheiro da aposentadoria para custear e manter a farmácia aberta. A morosidade da justiça brasileira também é criticada, pois Plinio Graça faleceu sem receber um precatório que tramita há décadas e poderia ter evitado que ele se submetesse a complementar sua renda cobrando por visitas e vendendo objetos antigos.
O triste desfecho da histórica Pharmácia Popular acabou sendo o retrato de seus últimos anos: a dura e inadiável realidade financeira se sobrepondo a promessas vazias e protelatórias que mascaram o falso e/ou ineficiente interesse na manutenção da história e da cultura da cidade e do país.
O blog reproduz abaixo a entrevista gravada na tarde de sábado, 28 de janeiro.
É a primeira entrevista com áudio levada ao ar pelo blog, em mais uma novidade para os internautas em 2012.
Nota do Blogueiro (06/02/2012) - Em determinado ponto da entrevista acima, reproduzida na integra, sem qualquer edição, o entrevistado menciona, em comentário aleatório ao contexto principal da matéria, um projeto cujos idealizadores teriam exigido direitos autorais de uma fotografia reproduzida na matéria da Revista de História.
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Foto: Martin Winter |
Os esclarecimentos foram prestados pelo fotógrafo em comentário que o blog reproduz abaixo:
"O senhor Beto Graça, filho do saudoso senhor Plínio, durante a
entrevista que concede ao blog Bananal On Line, em que fala sobre o
suposto fim da Pharmácia Popular, em determinado momento, refere-se a
uma professora, —ele afirma pessoalmente desconhecê-la— que teria
cobrado direitos autorais à Revista de História da Biblioteca Nacional
(veículo que publicou recentemente uma matéria sobre a possível venda da
Pharmácia Popular) relativos ao uso, pela revista, de uma foto da
ânfora da Pharmácia.
Esta pessoa, a quem o senhor Beto, injustamente, faz menção, inclusive atribuindo a ela a intenção de querer “ganhar dinheiro em cima da desgraça da Pharmácia”, é a minha esposa, a professora Roberta Fonseca, que, assim como eu, sempre fomos muito bem recebidos pelo senhor Plínio, por membros de sua família (irmã, cunhado, sobrinho) e pelos igualmente atenciosos funcionários daquele estabelecimento.
Ao contrário do que afirma o herdeiro da Pharmácia Popular, não foi exigido nenhum ônus para que a referida imagem, de minha autoria, fosse publicada. O que chegou, inclusive, a acontecer.
Nós, após tomarmos conhecimento da publicação da matéria, e perceber que nela havia uma foto sem crédito —a da ânfora—, apenas pedimos à revista que incluisse, junto àquela imagem, sem ferir o padrão visual da publicação, o nome do seu autor.
A Revista de História, cujos critérios editoriais certamente não desrespeitam os direitos autorais, percebendo, talvez, que a imagem não havia sido produzida pelo proprietário da Pharmácia, diferentemente das outras que ilustram aquela matéria, preferiu não mais utilizar a tal foto.
A necessidade do crédito na fotografia não representa apenas uma vontade minha, tampouco se aplica somente às imagens da Pharmácia Popular. É exigência que se faz indistintamente.
Da mesma forma como a Revista de História —esta por pouco tempo—, o blog Bananal On Line, assim como a prefeitura do nosso município, utilizam algumas de minhas fotografias para ilustrar suas publicações na internet. O próprio jornalista Ricardo Nogueira, que conduz a entrevista com o senhor Beto, poderia, assim, atestar se, em algum momento, foi convidado por mim a pagar por direitos autorais.
A imagem da ânfora, associada à Pharmácia Popular, juntamente com outras sete, todas de minha autoria, representam os principais pontos turísticos de Bananal. Elas haviam sido doadas ao projeto Bananal: my city, my history, my life, coordenado pela professora Roberta, que incluía legendas bilingues produzidas pelos alunos da rede pública. Através desta iniciativa, foram produzidos cartões-postais, cujo dinheiro arrecadado com as vendas foi utilizado para a compra de livros (o estoque, 2.800 cartões foi devolvido à escola). Por esta razão, as imagens que compunham a série não eram utilizadas sequer por mim, figurando prioritariamente na divulgação dos cartões-postais, o que conferia um certo ineditismo aos impressos, assegurando mais vendas.
Nem por isso, teria sido colocada objeção à publicação da imagem da ânfora. Além dela, aliás, outras fotos teriam sido disponibilizadas com o maior prazer.
Assim como fez agora a Revista de História, com grande mérito, através da matéria assinada pelo jornalista Felipe Sáles, ao longo dos últimos anos, muitos foram os veículos de comunicação (Folha de São Paulo, Jornal O Globo, etc) que se dispuseram a divulgar o trabalho do senhor Plínio à frente da Pharmácia. Os integrantes desses veículos de imprensa certamente são pagos de forma digna —o que é justo— pelo trabalho que realizavam para essas empresas jornalísticas. Da mesma forma, no exercício diário do seu trabalho, esses profissionais possivelmente não são coagidos a omitir o crédito de seus textos ou fotos; muito menos, confundidos com aproveitadores.
Ao contrário, as pessoas que desenvolvem um trabalho gratuitamente, cujo combustível é a paixão, como foi o caso da professora Roberta à frente do projeto, que culminou com a doação de novos livros à biblioteca municipal, estas são desqualificadas publicamente. De fato, vejam a que ponto chegamos."
Esta pessoa, a quem o senhor Beto, injustamente, faz menção, inclusive atribuindo a ela a intenção de querer “ganhar dinheiro em cima da desgraça da Pharmácia”, é a minha esposa, a professora Roberta Fonseca, que, assim como eu, sempre fomos muito bem recebidos pelo senhor Plínio, por membros de sua família (irmã, cunhado, sobrinho) e pelos igualmente atenciosos funcionários daquele estabelecimento.
Ao contrário do que afirma o herdeiro da Pharmácia Popular, não foi exigido nenhum ônus para que a referida imagem, de minha autoria, fosse publicada. O que chegou, inclusive, a acontecer.
Nós, após tomarmos conhecimento da publicação da matéria, e perceber que nela havia uma foto sem crédito —a da ânfora—, apenas pedimos à revista que incluisse, junto àquela imagem, sem ferir o padrão visual da publicação, o nome do seu autor.
A Revista de História, cujos critérios editoriais certamente não desrespeitam os direitos autorais, percebendo, talvez, que a imagem não havia sido produzida pelo proprietário da Pharmácia, diferentemente das outras que ilustram aquela matéria, preferiu não mais utilizar a tal foto.
A necessidade do crédito na fotografia não representa apenas uma vontade minha, tampouco se aplica somente às imagens da Pharmácia Popular. É exigência que se faz indistintamente.
Da mesma forma como a Revista de História —esta por pouco tempo—, o blog Bananal On Line, assim como a prefeitura do nosso município, utilizam algumas de minhas fotografias para ilustrar suas publicações na internet. O próprio jornalista Ricardo Nogueira, que conduz a entrevista com o senhor Beto, poderia, assim, atestar se, em algum momento, foi convidado por mim a pagar por direitos autorais.
A imagem da ânfora, associada à Pharmácia Popular, juntamente com outras sete, todas de minha autoria, representam os principais pontos turísticos de Bananal. Elas haviam sido doadas ao projeto Bananal: my city, my history, my life, coordenado pela professora Roberta, que incluía legendas bilingues produzidas pelos alunos da rede pública. Através desta iniciativa, foram produzidos cartões-postais, cujo dinheiro arrecadado com as vendas foi utilizado para a compra de livros (o estoque, 2.800 cartões foi devolvido à escola). Por esta razão, as imagens que compunham a série não eram utilizadas sequer por mim, figurando prioritariamente na divulgação dos cartões-postais, o que conferia um certo ineditismo aos impressos, assegurando mais vendas.
Nem por isso, teria sido colocada objeção à publicação da imagem da ânfora. Além dela, aliás, outras fotos teriam sido disponibilizadas com o maior prazer.
Assim como fez agora a Revista de História, com grande mérito, através da matéria assinada pelo jornalista Felipe Sáles, ao longo dos últimos anos, muitos foram os veículos de comunicação (Folha de São Paulo, Jornal O Globo, etc) que se dispuseram a divulgar o trabalho do senhor Plínio à frente da Pharmácia. Os integrantes desses veículos de imprensa certamente são pagos de forma digna —o que é justo— pelo trabalho que realizavam para essas empresas jornalísticas. Da mesma forma, no exercício diário do seu trabalho, esses profissionais possivelmente não são coagidos a omitir o crédito de seus textos ou fotos; muito menos, confundidos com aproveitadores.
Ao contrário, as pessoas que desenvolvem um trabalho gratuitamente, cujo combustível é a paixão, como foi o caso da professora Roberta à frente do projeto, que culminou com a doação de novos livros à biblioteca municipal, estas são desqualificadas publicamente. De fato, vejam a que ponto chegamos."
Martin Winter